domingo, 17 de julho de 2016

BH (MG): Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi reconhecido neste domingo (17) como ‘Patrimônio da Humanidade’

‘Pampulha’ integra hoje um seleto grupo reconhecido pela Unesco como ‘Patrimônio da Humanidade’
Igreja de São Francisco, símbolo maior do conjunto projetado por Oscar Niemeyer, encomendado por JK. Foto: FAFICH/UFMG.
TURQUIA – O Conjunto Moderno da Pampulha ganhou o título de Patrimônio da Humanidade, na madrugada deste domingo (17), durante a 40ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em Istambul (Turquia).

A reunião da 40ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, para discutir a candidatura da Pampulha, seria realizada nesse sábado, mas, devido à tentativa de golpe de estado na Turquia, teve que ser suspensa, com todos os representantes dos países visitantes, inclusive do Brasil, orientados a não sair dos hotéis em que estavam. De BH, estão em Istambul a diretora do Conjunto Moderno da Pampulha da Fundação Municipal de Cultura (FMC), arquiteta e urbanista Luciana Feres, e a superintendente em Minas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Célia Corsino.
Panorama do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).  Foto: Wikipedia/André B. Lopes/jul. 2016
A partir de agora, a Pampulha integra um seleto grupo reconhecido pela Unesco, do qual fazem parte as Muralhas da China, as Pirâmides do Egito, o Palácio Taj Mahal, na Índia e os profetas esculpidos por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), entre mais de mil bens mundo afora. Em Minas, será o quarto conquistado, embora o primeiro modernista: já estão na lista os centros históricos de Ouro Preto, na Região Central, e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, também na Região Central.

70 anos do “Conjunto Arquitetônico da Pampulha”
O Museu de Arte da Pampulha (MAP), antigo Cassino. Foto: FAFICH/UFMG.
Com Comunicação Social FAFICH/UFMG Reportagem de: Camila Braga, Pedro Hosken e Raphael Amador
BELO HORIZONTE (MG) – Situada na região Norte de Belo Horizonte, a Pampulha surge como a representante legítima da modernidade arquitetônica dos anos 40. O gênio criador de Oscar Niemeyer marcou profundamente o espaço que se estendia para além dos limites de uma cidade projetada e circunscrita ao anel da Avenida do Contorno.

O conjunto arquitetônico da Pampulha, projetado por Niemeyer entre 1942 e 1943, surge de uma encomenda do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, para a construção de uma série de edifícios em torno do largo artificial da Pampulha.

JK idealizava um bairro residencial de luxo e previa para a obra, a construção de cinco edifícios: um cassino, um clube de elite, um salão de danças popular, uma igreja e um hotel, que não foi realizado. Ao final do projeto, o prefeito acrescentou uma “residência de fim-de-semana” para ele e sua família.

Para a execução da obra, Niemeyer contou com a colaboração do engenheiro de estruturas, e também poeta, Joaquim Cardoso e do paisagista Burle Marx, responsável pelos belos jardins.

A obra foi projetada pelo arquiteto como um conjunto, mas cada elemento é visto como uma forma independente e autônoma. Além disso, os edifícios são pensados em estreita relação com o entorno, que fornece a moldura natural e a inspiração para os desenhos e plantas.

O centro do projeto, de acordo com a encomenda, deveria ser o cassino. Não é por acaso que ele é o primeiro edifício a ser construído. O primeiro cassino da cidade passou a atrair jogadores de todo o Brasil, transformando a vida noturna de Belo Horizonte.

O antigo Cassino da Pampulha e, hoje, Museu - MAP.
Os tempos de glória do Cassino da Pampulha duraram pouco. Em 30 de abril de 1946, durante o governo do General Gaspar Dutra, o jogo foi proibido em todo o Brasil. Onze anos mais tarde, o espaço que antes dava lugar a jogos, apostas e shows internacionais, passou a funcionar como museu.
Conhecido hoje, como Museu de Arte da Pampulha, o mesmo enfoca tendências artísticas variadas em mostras, pesquisa e conceituação, mantendo em seu acervo, obras da arte contemporânea brasileira.

Desde que os portões do novo clube foram abertos, a administração estava sob a responsabilidade do município. No entanto, na tentativa de sanar problemas de abastecimento de água na capital mineira, a Prefeitura tomou a decisão de vender alguns imóveis, entre eles o Iate Tênis Clube, para arrecadar dinheiro e financiar as obras.

Se no Cassino e no Iate Clube a curva é utilizada como contraponto às linhas retas, na Casa de Bailes, a curva impera. A marquise sinuosa de concreto, cujas linhas se inspiram diretamente no contorno da ilha, torna-se a partir desse momento, um motivo central da arquitetura de Niemeyer.

Inaugurada em 1943, acabou desativada em 1948, após o fechamento do Cassino em 1946. A casa de Baile se localiza em uma ilhota artificial, acessada por uma ponte de onze metros. Foi reaberta em dezembro de 2002, transformando−se em Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e do Design.

A Casa recebe exposições temporárias e tem a proposta de organizar, documentar e valorizar tanto os espaços construídos e simbólicos da cidade quanto objetos que se tornaram referência na vida cotidiana de nossa sociedade.

Finalizada em 1943, a Igreja de São Francisco de Assis é considerada a obra-prima do conjunto. Foi o último prédio a ser inaugurado do Conjunto Arquitetônico da Pampulha. Nesse projeto, Niemeyer fez novos experimentos em concreto armado, criando uma abóboda parabólica feita de tal material.

A Casa do Baile, reaberta em 2002 para receber exposições
As linhas curvas da igreja seduziram artistas e arquitetos, mas escandalizaram o acanhado ambiente cultural da cidade,de tal forma, que as autoridades eclesiásticas não permitiram, por muitos anos, a consagração da capela. Além da forma inusitada, um painel de Portinari onde se vê um cachorro representando um lobo junto à São Francisco de Assis foi outro ponto que incomodou bastante os membros eclesiásticos, fazendo com que a igreja permanecesse durante catorze anos proibida ao culto.

A Igreja da Pampulha é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais − Iepha/MG (em 1984) e pela Gerência do Patrimônio Municipal.

Diversas críticas foram feitas ao projeto de Niemeyer, sobretudo à falta de um plano urbanístico para o novo bairro no qual as obras têm lugar e à falta de função social da obra. Mas após setenta anos de sua construção, é inegável que o Conjunto da Pampulha tornou-se um marco da arquitetura moderna no Brasil e no mundo, capaz de atrair milhares de turistas que vêem as curvas de Niemeyer como ícones da modernidade.

Em tempo, a prefeitura de Belo Horizonte tem realizado obras de revitalização de toda a área do Conjunto e espera obter da Unesco até 2015, o título de Patrimônio da Humanidade, reivindicado desde 1996.

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